quinta-feira, 14 de maio de 2009

Seja solidário!

É comum que escutemos, em diversas campanhas, frases como “seja solidário” ou “o país precisa da sua colaboração” como forma de atrair a ajuda da população para os mais necessitados. E geralmente se consegue muita ajuda para esses eventos, pois, como se diz, os brasileiros são muito solidários. No entanto, em casos mais próximos, esses mesmos brasileiros não costumam fazer nada.

Casos como as enchentes de Santa Catarina foram rapidamente acolhidos pela boa vontade do povo, com ajudas em alimentos, roupas e móveis. No entanto vale notar que se não houvesse ocorrido tão grande alarde pelas mídias mais acessadas, como a televisão e os jornais, isso acabaria por ser esquecido por todos.

Muitas vezes uma pessoa mais necessitada aborda aquele indivíduo que fez doações para os catarinenses, e este, por sua vez, o evita, ao invés de escutar o que ele tem a dizer. Além disso, moradores de rua são ignorados, pessoas atravessam a pista para evitar abordagem, entre muitos outros. Nesses momentos para onde vai a boa vontade que têm essas pessoas?

O povo brasileiro é facilmente manipulável, é como um cão treinado a fazer algo em base de palavras-chaves. Mesmo vendo que algo está acontecendo, espera imóvel até que seja dada a ordem : “SEJA SOLIDÁRIO”. No entanto, isso não pode ser considerado solidariedade, e sim indução. A população deve trabalhar melhor seus conceitos, e não ajudar apenas aqueles a quem a mídia julga necessário e válido citar. Não devemos esquecer quem está próximo de nós.

texto por: Vinícius Fucks (participante do coletivo REGRAF)

domingo, 22 de março de 2009

II Encontro Regraf


O Encontro Regraf, surgiu paralelamente à idéia de criação do Coletivo, em 2007. Nós já desenvolvíamos manifestos artísticos em comum, pois todos nós produzíamos arte relacionada ao ideal da luta política e social. Nosso primeiro projeto, enquanto Coletivo, foi realizar uma atividade para reunir todos os membros do Regraf, juntamente com outros grupos amigos que também têm uma idéia política e social como base de atuação. Daí surgiu o Encontro Regraf. A proposta é de realizarmos um Encontro por ano, totalmente filantrópico. Os grupos e indivíduos não receberam qualquer tipo de retribuição financeira, todos se apresentam de maneira espontânea e cooperativa em prol da causa social. O papel solidário se forma primeiramente através da “entrada”, que é 1 kg de alimento não perecível e durante o Encontro Regraf, pois o fluxo de ideais é constante, desde a mensagem passadas nas letras das músicas, ou nas pinturas até o diálogo direto que acontece entre grande parte do público.



O II Encontro Regraf

Muito massaaaaa! Conforme o planejamento, o evento ocorreu com muita tranqüilidade e cooperação. O Coletivo Regraf agradece a todos que foram ao Encontro e a aos que ajudaram na organização, sendo também responsáveis por esse acontecimento.
O Evento contou na abertura com a participação do Grupo Percursivo Quizumba de banzé, um Projeto Cultural do nosso grande amigo Washington, do Atelier Musical Caboclo de lança. Os batuqueiros do Quizumba, em sua maioria crianças e adolescente, se apresentaram no final da tarde, abrindo mais um Encontro Regraf ao som do baque-virado. Após o batuque regional, os DJ´s Charles e Novato, grandes parceiros da resistência comunitária , entraram em ação e começaram a esquentar os discos.
Pela noite, a primeira banda a se apresentar foi a Circo Molambo, uma das bandas fundadoras do Coletivo Regraf, que participou do I Encontro na Jaqueira. O grupo tem pouco menos de dois anos de existência, mas já se destaca nos eventos que participa usando do bom e velho Rock, com influências regionais como maracatu e samba, além do reggae. A banda entusiasmou o público, que logo em seguida pode curtir o Metal Gospel da banda Blessing, outro grupo também está desde o início do Regraf e participou da primeira edição do Evento. Depois do Metal, o Hard-Core da Nômades, banda recifense que esta à dez anos fazendo parte da paisagem do rock e espalhando seus ideais libertárias. E por último, fechando mais um Encontro Regraf, a boa turma do Hip-Hop. O Coletivo Êxito D’ Rua e o Coletivo Afetados Pelo Sistema, dois grupos pioneiros na cena do rap regional e com uma forte atuação na luta pela liberdade comunitária, fizeram com que o público admirasse a música black, oriunda da favela, das ruas, dos becos e vielas. Para animar o restante da madrugada, novamente a discotecagem dos DJ’s Charles e Novato.
Agradecemos ao Bar Estação do Reggae por nos ceder o espaço para a realização do Encontro e por ter nos fornecido todo um apoio logístico. A Feira Solidária, que também fazia parte da programação do Evento, expôs materiais das bandas, grupos e amigos para serem vendidos durante a realização do evento como forma de divulgar a produção artística e fortalecer a luta dos grupos, ocorreu organizadamente, apesar das vendas não terem sido magníficas.
Vale informar, também, a maneira como nós o organizamos, pois, ao contrário do Encontro de 2008, o Segundo apresentou muito mais dificuldades, principalmente na parte financeira. Fomos atrás dos mais diversos tipos de apoio. Pequenos comerciantes e amigos do bairro contribuíram cada um com uma pequena quantia em dinheiro, que ao final, equivaleu a quase todo o dinheiro do aluguel do equipamento de som. Na parte da divulgação contamos como a ajuda de alguns sindicatos para conseguir as cópias do panfleto. Outros grupos parceiros, como jornais, rádios comunitárias, blogs, nos ajudaram na divulgação áudio-visual.
Por conseguinte, realizamos um Evento onde a amizade, a parceria, a coletividade estiveram presentes e foram indiscutivelmente necessárias para que tudo ocorresse de tal maneira. Mais uma vez pintores, músicos, poetas, desenhistas, dançarinos, estudantes, trabalhadores se uniram para realizar atividades envolvendo o ideário da solidariedade com a produção artística local. Até a próxima!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

II Encontro Regraf

Música, troca de idéias, resistência, independência. Dia 24 de janeiro, o Coletivo Regraf, realizará o seu II Encontro artístico. O Encontro Regraf é realizado todo ano, desde a criação do Coletivo, com o objetivo de proporcionar um espaço de expressão artística e de manifestos, reunindo as bandas, grupos e coletivos parceiros que também estão engajados na luta social. A idéia principal do Encontro Regraf é fazer com que haja um espaço para divulgação da arte produzida por nós e por nossos amigos, mas também permitir que os nossos manifestos sejam ouvidos e discutidos.
O Encontro é aberto para as intervenções de músicos, poetas, pintores, dançarinos, qualquer um que queira fazer ação com arte, com amor, com vontade, contra as injustiças, contra a desigualdade, contra opressão, a favor da união, da arte, da solidariedade, e da compaixão. Pedimos apenas que quem comparecer ao evento leve 1 kg de alimento não perecível que será doado a uma comunidade, ainda não escolhida.
Na programação, o maracatu Quizumba de Banzé abre o evento na área externa da Estação do Reggae, logo em seguida o barulho continua com a banda de rap Coletivo APS, com o Hard-core da banda Nômades, a sinfonia do mangue da Circo Molambo, o rap do Êxito d’ Rua e o rock gospel da Blessing. O Dj Novato fica encarregado da discotecagem.
Compareça a mais um evento solidário, promovido pelos loucos artistas recifenses para o louco público recifense. Música para todos!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Ministro do Baião: Zé de Mohura.



Zé de Mohura, nascido no município de Umbuzeiro na Paraíba, completou 63 anos no ultimo mês de Março. Foi lavrador e pecuarista na sua terra. Aos 15 anos já tocava em festas locais. No final dos anos 60 foi considerado um ícone do baião, por toda região do Cariri.Veio para o Rio nos anos 80, onde trabalhou na construção civil. Passado algum tempo, ganhou a vida como porteiro e zelador. Ainda em 80 criou um grupo de forró chamado “Forró do Povo”, apresentando até a década de 90 os melhores sanfoneiros e “cantadores” da época. Atualmente, criou o grupo “Os Menestréis do Baião” e abandonou um pouco a sanfona e o canto para se dedicar à organização do Ministério, a fazer versos, e a divulgar o grupo, que presta homenagem a Luiz Gonzaga, considerado como o melhor astro do século XX no gênero. “Rapaz, Luiz Gonzaga foi precursor e eu sou o difusor. É nisso que me especializei. Na dança, no verso falado... na difusão. Eu apresento e represento minha cultura.” Explica Zé.Como sempre participou ativamente da história cultural de seu povo, se aprofundando em suas raízes e riquezas, decidiu que a grande Comunidade Nordestina que habita as diversas comunidades existentes em Niterói, deveria se unir para não deixar morrer seus costumes. “Estamos divulgando a verdadeira cultura, não tem nada a ver com isso que está acontecendo por aí. O povo está precisando de categoria e nós vamos levar um forró de categoria até eles.” Se emociona o Ministro.


Confira uma entrevista com Zé Mohura

Comunidade: Fale um pouco sobre o Ministério.


Zé de Mohura: Em primeiro lugar gostaria de agradecer a presença dos meus amigos “Os Repórteres do Baião”; Rick e Fabinho. Gostaria também de agradecer ao nosso amigo correligionário Cérvulo Augusto. O Ministério é a verdadeira integração dessa comunidade maravilhosa, que é a Nordestina. É à volta e o novo baião. O Baião do século XXI. É um trabalho que está sendo divulgado em âmbito regional, mas que irá se elevar a nacional. Não é mesmo senhores Repórteres?


Comunidade: Claro Ministro. E os projetos futuros?


Zé de Mohura: Na verdade o projeto é tão grandioso que não cabe em um projeto. Ele se apóia em uma plataforma. Esse é o nosso caso. A plataforma se apóia na música, na gastronomia, no turismo e na poesia. O que futuramente vai levar a música a frente vai ser o grupo “Os Menestréis do Baião” que ainda não está pronto de fato. Já temos os sanfoneiros e os espetáculos, mas quando esse grupo estiver definitivamente fechado poderemos ir além da onde estamos indo. Serão os percussores do novo baião.


Comunidade: De todas as bases da plataforma o turismo é a única que ainda não foi posta em prática. Por quê?


Zé de Mohura: Nosso trabalho é um trabalho sério. Não podemos fazer as coisas de qualquer jeito. Algumas coisas dependem um pouco mais de tempo. Mas os contatos já estão sendo feitos. Antes do que se espera essa ultima base irá se concretizar, como as outras se concretizaram. Acredito que daqui a 1 ou 2 anos já estaremos indo para o Nordeste e depois vamos apresentar nosso trabalho em Portugal. O negócio é avançar. Estamos vivendo a globalização e a globalização não é local. Ela é universal. Vamos levar nossa cultura aonde for possível.


Comunidade: O senhor sempre fala com muita seriedade do seu trabalho, mas é uma pessoa sempre à vontade e tranqüila. Como consegue associar os dois extremos? O rir e o sério?


Zé de Mohura: Nós estamos botando para quebrar. Estamos brincando em serviço. Se divertindo enquanto trabalha. E isso não é para qualquer um.


Comunidade: É por isso que o seu trabalho está dando certo.


Zé de Mohura: E vai dar certo mesmo. Porque trabalhar se divertindo não é uma questão só de virtude, mas de capacidade também. E quem vai julgar esse trabalho é o povo. Não existe analista melhor que o povo.


Comunidade: E o que o povo pode esperar do CD?


Zé de Mohura: Boa música nós temos. Graças a Deus.Comunidade: Tem o DVD também.Zé de Mohura: O DVD é um trabalho de juntar uma colcha de retalhos. Estamos acabando de juntar a colcha para nos cobrir. Assim que ficar pronto vamos colocar junto do CD para vender em tabuleiros nas feiras.


Comunidade: E o Café Nordestino?


Zé de Mohura: O Café Nordestino é isso aqui que vocês estão vendo. É um encontro de amigos que se encontra para aproveitar um café com rapadura e as especiarias do Nordeste. O aroma e o sabor regional. Ta aí. Se quiser aproveitar... Depois da cerveja toma o café.


Comunidade: Então faz um improviso para fechar essa matéria.


Zé de Mohura:


Vou falar sobre o Nordeste.

Quero falar sobre o Nordeste.

Saldar a nossa classe nordestina.

O povo da Paraíba, João Pessoa e Campinas.

O Rio Grande do Norteterra de caboclo forte.

Nossa terra potiguarina


Mais informações sobre o Ministério do Baião : http://www.suamajestadeobaiao2.blogspot.com/





quinta-feira, 10 de julho de 2008

Parkour " Arte, Luta e Solideriedade"

Provavelmente este é o título mais apropriado para o texto que pretendo escrever, nada muito especial mas como primeiro texto sobre Parkour do blog queria com isso, alem de falar de que se trata mostrar a ligação do Parkour com o Coletivo Regraf.

O Parkour é uma arte na qual o objetivo é condicionar o seu corpo para transpor obstáculos com eficiência. E com a fluência de movimentos vem a beleza da arte, o seu corpo mover-se por si só em meio a obstáculos como a água que flui de um riacho. O Parkour é uma eterna luta entre o corpo e a mente, vivemos sempre tentando encontrar novas barreiras a serem passadas e novos medos a serem vencidos. Estamos sempre procurando a perfeição dos movimentos.
O Parkour é uma atividade física livre de hierarquias, conceitos e competitividade, o que faz com que haja uma união forte entre seus praticantes sejam eles os mais experientes ou os menos, isso cria naqueles que mais sabem um sentimento solidário de passar seus conhecimentos àqueles que acabam de começar sem restrições.

Isso tudo torna o Parkour uma atividade louvável mas se levada a sério, respeitando sempre os locais de treino (geralmente de uso público) e as pessoas que por eles transitam. Mas há também o preconceito que muitos dos traceurs (praticantes de Parkour) já sofreram e ainda sofrem pois infelizmente vivemos numa sociedade que não aceita bem o não ordinário, o incomum , que tem seus velhos conceitos formados.

Devemos dar valor a atividades que, como o Parkour, desenvolvam nosso senso solidário e social.


-Pipou

Imagem do Texto: Treino Solidário de Le Parkour na UFPE.